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17.5.19

Com o presidente da Câmara do Porto dono de uma imobiliária e o presidente da Assembleia Municipal gestor de fundos imobiliários, interrogo-me se devemos ou não esperar que a visão que o executivo camarário tem da cidade, seja diferente da do negócio imobiliário.

O texto que se segue e a fotografia que o ilustra, são da autoria de Jorge Ricardo Pinto*. Estão publicados aqui.

«O edifício representa, na verdade, um tempo, uma arquitectura e uma forma de fazer cidade e o seu desaparecimento empobrece a diversidade estilística e temporal do Porto, bem como reduz a dimensão pedagógica e a compreensão histórica da rua de Pinto Bessa". Retirei este trecho de um livro que publiquei pela Junta de Freguesia do Bonfim, em 2011. Referia-me à ameaça de demolição que pairava sobre o edifício que então se localizava no 498 da rua de Pinto Bessa, no Porto, na posse da "Norma - Empresa Técnica Construtora". Era, no fundo, a crónica de uma morte anunciada.

A moradia havia sido erguida, em 1913, a pedido do Comendador Manuel de Miranda Castro, e foi desenhada pelo arquitecto portuense Francisco de Oliveira Ferreira, discípulo de Marques da Silva e Teixeira Lopes. Oliveira Ferreira foi o autor, entre outras obras, da icónica Clínica Sanatorial Heliantia e da Câmara Municipal de Gaia, para além de ter tido uma diversificada actividade cultural, entre a realização de exposições, trabalho arqueológico e de reconstituição histórica.

Soube hoje que a moradia, um exercício eclético entre a arte Nova e a influência da arquitetura tradicional portuguesa, com belos frisos de azulejos e um torreão, foi demolida há uns dias, depois de autorização camarária datada de Janeiro de 2019 para "Construção de Edifício destinado a Comércio e Habitação Coletiva (20 Fogos)". Coisa pequena, portanto...

Quero fazer notar, todavia, que este edifício integrou, em tempos, o PDM do Porto, na lista dos imóveis de interesse patrimonial. Entretanto, surpreendentemente, a moradia foi retirada dessa listagem (já não surge na última versão do PDM), no que foi acompanhada por alguns outros imóveis no Bonfim, entretanto demolidos, como o "Bloco Residencial Manuel Duarte", do arquitecto Januário Godinho, na rua de Santos Pousada, apeado em 2006; ou o edifício multifuncional (residência, escritório, armazém, fábrica) requerido por João da Fonseca Carvalho, nos anos 30 do século passado, na Avenida Fernão de Magalhães, recentemente demolido para a construção de um hotel. Um outro imóvel da mesma freguesia que também foi retirado da mesma lista foi a Quinta Amarela (ou dos Cepêdas), junto à Avenida dos Combatentes, nas Antas, para onde, aliás, a mesma empresa "Norma - Empresa Técnica Construtora" tinha projecto, assinado por Souto Moura. Coincidências.»

* Geógrafo, professor na UTAD.

25.10.18

A cidade sem automóveis


Da cidade estagnada, poluída, ruidosa, agressiva, à cidade humanizada, sem automóveis, pensada para as pessoas, onde o ruído de motores e de buzinas deu lugar ao chilrear dos pássaros e às vozes humanas. E onde se passou a respirar melhor, também. Aconteceu aqui bem perto, em PONTEVEDRA, mas poderia ser no PORTO. Imaginem a baixa sem carros num espaço compreendido entre o Carmo e S. Lázaro e da Ribeira à Trindade…
Para isso ser possível seria preciso vontade política, como é bom de ver, o que é incompatível com a visão festivaleira e mercantilista de quem gere o destino da nossa cidade como se o PORTO fosse um "shopping center". Nesse aspecto estamos longe, muito longe da cidade amigável de PONTEVEDRA.
A ler aqui.

9.7.17

Atenção senhores, abriu a época balnear na Praia das Pastoras!


Este ano, o prestimoso município portuense presenteou-nos, no começo da época balnear, com um belíssimo tapete de asfalto que permite estacionar automóveis numa zona de peões em sã convivência com bicicletas, cadeiras de rodas, carrinhos-de-bebé e gente apeada a passear à beira-mar. Se isto não servisse para mais nada, provaria que a demarcação de pistas para circulação de veículos de duas rodas ao longo da frente marítima do Porto, não passa de um capricho de alguém que não tem que fazer ao dinheiro.

Mas não é tudo. Os cidadãos podem ainda usufruir de duas grandes placas informativas desajustadas do local, dois inestéticos contentores-de-lixo (cenários que não quereríamos em nossa casa) e uns sanitários profusamente decorados, providos de um varandim donde se domina a praia. A avaliar pelo que observamos no local, estes sanitários devem ser um êxito. Para completar o cenário descrito, pendem, dos lampiões de iluminação pública, uns panos cor de sangue com apelos ao consumo de álcool.

Agradeçamos pois, aos pelouros do Ambiente e da Mobilidade do município, esta intervenção digna de qualquer cidade concorrente à localização da Agência Europeia do Medicamento, a que o Porto de propõe.

15.8.16

Objectos Pindéricos Identificados

Aparecem regularmente no início da Primavera. Têm como características a estrutura de materiais rudes e o exagero do tamanho. São os Objectos Pindéricos Identificados (O.P.I.) que a Câmara Municipal do Porto dissemina cuidadosamente, ano após ano, em locais emblemáticos da cidade, como se de instalações artísticas se tratasse. Primam pela falta de sensibilidade, constituindo-se como um insulto à paisagem urbana, já de si emporcalhada por uma sinalética descuidada, decadente, e por bandeirolas e pendões publicitários poluentes e inúteis.
Nas imagens podem ver duas dessas coisas reles instaladas à beira-rio. Uma no belo Jardim do Passeio Alegre, entre os elegantes obeliscos desenhados por Nicolau Nasoni no século XVIII, e a outra na Avenida de D. Carlos I, como infeliz companhia das palmeiras-das-canárias que Eugénio de Andrade referiu serem «altas como os marinheiros de Homero».

30.7.12

A ver

Casa de Chá da Boa Nova Vandalizada

No Público, as fotos de Paulo Pimenta e o seguinte texto de Jorge Marmelo são elucidativos do abandono a que chegou aquele edifício:

Lista breve de coisas que podem ser vistas quando se visita um edifício classificado como Monumento Nacional: vidros partidos, vidros sujos, excrementos, telhas levantadas, caleiras roubadas e calcinhas de senhora; dois cartazes anunciando a “remodelação” do imóvel e aconselhando os visitantes a visitarem, em alternativa, a Piscina das Marés; e os imponentes rochedos irrompendo da água, o céu azul e os riscos traçados por Álvaro Siza ainda encarnados no cimento – até quando? O Salão de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, está transformado num espaço muito pouco aprazível.

N'A Baixa do Porto sugere-se, e bem, que o executivo da Câmara Municipal de Matosinhos seja levado a tribunal por delapidação dolosa do património.

25.6.12

Centralismo, a quanto obrigas...


Quando estava em discussão a instalação do Centro Português de Fotografia, a voz de Fernando Rosas distinguiu-se entre as que se manifestaram contra a decisão daquela instituição ficar no Porto, com um argumento disparatado que ilustra bem o conceito que certas elites lisboetas têm do país. Elites apoiadas por muitos migrantes da região Norte e por inúmeros capatazes cá residentes, que disputam com afinco o el-dorado da capital, deixando tanto a maioria do povo daquela cidade à míngua como o resto do país.
Lamentava-se o historiador por ter que se deslocar ao Porto sempre que quisesse consultar o arquivo fotográfico nacional. Como se o país real, como é designado o território que fica fora do espaço compreendido entre a Praça do Comércio e a CREL, não tivesse que pedir licença a Lisboa para coisas tão comezinhas como, por exemplo, realizar um transporte de grandes dimensões entre uma metalomecânica localizada em Gaia e a Póvoa de Varzim. O resultado desta prática que dura há, pelo menos, trinta anos, está à vista: um território desertificado, empobrecido, onde, apesar de tudo, ainda restam valores que o centralismo político-partidário continua a querer para si. Refiro-me, neste caso, outros poderiam ser citados, ao património ferroviário.
Viajamos em composições que Lisboa já não quer, fecham-nos as linhas de caminho-de-ferro – o caso do Douro é um crime que lesa toda a região Norte – inundam-nos os vales com água para servir interesses corporativos que prejudicam as populações locais, como no Tua, e levam-nos agora o património histórico ferroviário para outras paragens, privando-nos da nossa própria memória.

Vem isto a propósito de uma carta aberta, que se transcreve abaixo, assinada por um grupo de ferroviários aposentados, mas não inertes, em que constam nomes que estiveram na direcção da CP no Norte do país quando nesta região havia autonomia ferroviária, manifestando-se contra o esbulho patrimonial de relíquias ferroviárias regionais, ilustrada por duas fotos tiradas em tempos que já lá vão pelo autor deste blogue.


A cocheira de locomotivas a vapor de Nine.


A locomotiva a vapor 02049, a "Andorinha", não é só a mais antiga locomotiva em Portugal como na Península Ibérica.

_________________________

Porto, 08 de Junho de 2012

Exmos. Senhores

Secretário de Estado da Cultura Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte
Presidente do Conselho de Administração da Fundação para o Museu Nacional Ferroviário
Presidente do Município de Vila Nova de Famalicão
Presidente da Câmara Municipal de Barcelos
Presidente da Câmara Municipal de Braga
Presidente da Câmara Municipal de Guimarães
Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
Presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso
Presidente da Câmara Municipal da Trofa
Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde
Presidente da Câmara Municipal de Vizela
Assembleia da República - Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata
Assembleia da República - Grupo Parlamentar do Partido Socialista
Assembleia da República - Grupo Parlamentar do Partido Popular
Assembleia da República - Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português
Assembleia da República -Grupo Parlamentar do Partido do Bloco de Esquerda
Assembleia da República -Grupo Parlamentar do Partido Ecologista "Os Verdes"
Presidente da Associação Comercial do Porto
Presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho de Famalicão


Carta Aberta - QUEREM ESPOLIAR O NORTE DAS SUAS RELÍQUIAS FERROVIÁRIAS


Os signatários da presente carta dirigem-se a Vossa Excelência pelo facto verificarem existir perigo iminente de serem prejudicados os interesses do Norte do País, bem como a preservação do nosso Património Ferroviário.
Por essas razões, não podemos deixar de alertar para as seguintes questões:
Será bom que todos tenham conhecimento que a MAIS ANTIGA LOCOMOTIVA PORTUGUESA ESTÁ NO NORTE.
Tem o número "CPMD02049" e a alcunha de "ANDORINHA". Foi construída em Inglaterra há 155 anos, quando Portugal inaugurou o caminho de ferro. PODE VISITAR-SE, no pólo museológico da "COCHEIRA de Locomotivas" da Estação de NINE - Vila Nova de FAMALlCÃO, Estação essa comum à Linha do Minho e ao Ramal de Braga.
Está essa locomotiva, no Norte, há 140 anos! Aí chegou em 1872 para a construção das Linhas do Minho e do Douro.
Trabalhou no Norte mais de 100 anos! Rebocou comboios de passageiros e fez serviço de manobras.
A longevidade deste valioso e cobiçado património cultural é bem testemunha da renovação tardia do material ferroviário do Norte, muito depois de o resto do país usufruir de comboios de primeira qualidade. Recorde-se que só em 2004 a Linha do Minho até Nine e o Ramal de Braga foram dotados com os comboios elétricos atualmente em circulação.

O próprio edifício da COCHEIRA DE LOCOMOTIVAS A VAPOR DE NINE é um EDIFÍCIO ÚNICO, entre os 4 do género que restam no país e que marcam uma determinada época. Esta herança cultural, móvel e imóvel, faz parte da identidade e da memória coletiva de muitas gerações (ver nota com os outros veículos em Nine).

É fundamental que este património continue no Norte, como um conjunto único da maior importância, para desenvolver e garantir o interesse turístico no material ferroviário da região. Por essa razão, é mais-valia imprescindível para impulsionar a economia local e regional, no âmbito do turismo, ao diversificar a oferta cultural.

Por força da importância que o SECTOR DA CULTURA tem para a ECONOMIA DA UNIÃO EUROPEIA e para a UNIÃO ENTRE OS POVOS, o fomento do TURISMO FERROVIÁRIO é uma garantia para o FUTURO e, nomeadamente, para o NORTE. Mas este NOSSO PATRIMÓNIO, sempre ao serviço da cultura do país, ESTÁ EM PERIGO! Consta que a Fundação para o Museu Nacional Ferroviário se PREPARA para LEVAR de Nine, PARA O ENTRONCAMENTO, a LOCOMOTIVA a vapor MAIS ANTIGA do PAÍS, além de a única locomotiva a vapor "CP 002" existente no Norte. As restantes três estão no Entroncamento.

Ora, a Fundação para o Museu Ferroviário, como responsável legal de um museu polinucleado, recebido da CP e REFER, não pode:

1 - Acabar com museus existentes há mais de 30 anos;
2 - Tomar atitudes que vão empobrecer uma região ou localidade em favor de outra;
3 - Espoliar populações da sua memória cultural, negando-lhes o direito ao seu património;
4 - Fazer do Entroncamento o herdeiro universal do património ferroviário português - conferindo-lhe a prerrogativa majestática de ir escolher, nos museus ferroviários de todo o país, o material que lá tem sido preservado, apenas pelo facto de lhe interessar para satisfazer os seus objetivos locais;
5 - Centralizar num único local material que outras gentes, incluindo gerações de ferroviários espalhados pelo país, têm protegido e acarinhado ao longo de décadas;
6 - Ter apenas em consideração a sede do museu, aplicando ali todos os investimentos disponíveis;
7 - Transferir para as Câmaras Municipais as despesas de gestão dos museus locais existentes há mais de 30 anos, mas retirando-lhes o material que constitui o chamariz para os possíveis visitantes desses respetivos museus.


Ora, este PATRIMÓNIO DEVE PERMANECER NO NORTE, exatamente como os quadros de Grão Vasco devem continuar na Igreja de Tarouca ou no Museu Grão Vasco de Viseu, bem como os Painéis de S. Vicente, de Nuno Gonçalves, em Lisboa.
É nossa obrigação COLABORAR com a Câmara Municipalde Famalicão na proteção, na valorização e na gestão desta parte da herança cultural do caminho de ferro português, exposta nos MUSEUS FERROVIÁRIOS DE LOUSADO e NINE.
A Fundação tem de ter a sensibilidade e o bom senso para, como parceiro do interesse museológico nacional, investir na criação de melhores condições de exposição em Nine que, com Lousado, é uma referência no Turismo Minhoto.
O Norte sabe e quer continuar a servir e receber bem.
Assim sendo, os signatários vêm pedir a intervenção imediata de Vossa Excelência na defesa dos interesses do Norte e na preservação eficiente do material ferroviário, não permitindo que este património tão importante saia dos museus onde atualmente se encontra porque é indissociável da história desta Região.

Com os mais respeitosos cumprimentos


Ana Maria Valente Fonseca – ferroviária reformada – técnica licenciada
António Moniz palme – ferroviário reformado – advogado
(assinatura ilegível) – ferroviário reformado – eng.
(assinatura ilegível) – ferroviário reformado – técnico
(assinatura ilegível) – ferroviário reformado – maquinista
Duarte Xavier de Campos – ferroviário reformado – eng.
António Marques João – ferroviário reformado – chefe de estação
Avelino Costa da Silva – ferroviário reformado – revisor
Alfredo Dinis da Costa Gonçalves – ferroviário reformado –
Domingos da Cunha Costa – ferroviário reformado – inspector de tracção
António Jorge Carvalho da Silva Vilaverde – ferroviário reformado – eng.
Maria Victória Cerqueira Romão Viana – ferroviária reformada – assistente
Daniel Augusto Rodrigues – ferroviário reformado – inspector de tracção


NOTA: Em Nine encontra-se ainda a carruagem A3 52, de 1a cl, construída em França pela Desouches David em 1886; o Salão-Pagador "CP 5194-8929004", reconstruido nas Of. Gerais da CRP em 1908; a locomotiva a vapor "CP 9", construída em Inglaterra em 1875, pela Beyer & Peacock; a locomotiva a vapor "CP 014", adquirida em 1890 à inglesa Beyer Peacock; e a locomotiva a vapor "CPOO2", construída na Alemanha pala SaechMaschinenfabrik, em 1881.

andorinha.cp02049.nine@sapo.pt - Rua da Restauração, n° 412, 2°  4050-501 PORTO

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ADENDA - 10Out2012
FAMALICÃO REJEITA DESLOCALIZAÇÃO DA «ANDORINHA». PRIMEIRA LOCOMOTIVA A VAPOR ESTÁ EM NINE.

“Não nos passa pela cabeça semelhante cenário”. É desta forma contundente que o vice-presidente e vereador para a cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão reage à hipótese de deslocalização do espólio museológico ferroviário que se encontra no núcleo de Nine, onde, entre outro património, está a célebre “Andorinha”, que é a mais antiga locomotiva a vapor existente em Portugal. Em declarações à televisão, Paulo Cunha não desvalorizou as notícias que circulam na praça pública, sobretudo no meio ferroviário, e que dão conta de uma eventual intenção da Fundação do Museu Nacional Ferroviário em deslocalizar o acervo de Nine para o Entroncamento.

“Estamos naturalmente preocupados e sensíveis aos alertas que nos têm chegado da parte da sociedade civil, mas recusamo-nos a encarar tal possibilidade”, refere o mesmo responsável, adiantando que “a Câmara Municipal não tem qualquer informação nesse sentido por parte da direcção da Fundação, com quem tem acordo de gestão partilhada deste espaço, assim como, com o núcleo de Lousado que se encontra aberto ao público.”

Para o município de Vila Nova de Famalicão, o património que se encontra em Nine representa um símbolo identitário da região e como tal deve permanecer no seu contexto natural, preservado-se a memória e identidade colectiva. Paulo Cunha refere que a autarquia “tem já há bastante tempo a intenção de intervir neste espaço, numa perspetiva de futura musealização e posterior abertura ao público, tendo mesmo existido uma candidatura aprovada para o efeito.” “A conjuntura nacional, bloqueou entretanto o avanço da candidatura para o terreno, mas não descansaremos enquanto não conseguirmos valorizar este espólio único e singular, deixá-lo acessível a toda a população e explorar o seu potencial educativo”, adianta.

É de resto este o sentido de diversas diligências feitas de há uns tempos a esta parte pelo executivo famalicense, junto dos organismos responsáveis pelo património ferroviário, como a Fundação Museu Nacional Ferroviário e a própria Administração Central do país, que, através da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Educação, integram o conselho consultivo da Fundação.

Recorde-se que a “Andorinha” é o nome carinhosamente dado pelos ferroviários à locomotiva a vapor 02049 (VL) – 1856-57, construída em Inglaterra há 155 anos, pela empresa, William Fairbairn & Sons, tendo sido utilizada, por exemplo, na construção das linhas do Minho e do Douro. Para além desta, o Núcleo Ferroviário de Nine guarda outras relíquias, como algumas locomotivas únicas da segunda metade do séc. XIX, carruagens de passageiros da mesma altura e quadricíclos da primeira metade do séc. XX."

Sítio do Município de Vila Nova de Famalicão, 9Out2012.

29.1.12

A natureza deve ser servida em doses homeopáticas


A rua eng. Ferreira Dias, na inóspita e desumanizada zona industrial do Porto, antes e depois do recente abate de 102 árvores, a maioria choupos de grande porte.

5.1.12

Sobre a privatização do miradouro da Vitória

Já tinha deparado com o miradouro da Bataria da Vitória encerrado ao público, com um aviso indicando que é agora propriedade privada, como referiu J.A. Rio Fernandes n’A Baixa do Porto.

Fotografia de George Tait - 1888.

O miradouro, local carregado de história, levou, no entanto, uma primeira machadada nos anos 90, com a construção de um edifício que impede a fruição da vista do casario que desce da Vitória até ao fundo do vale, e sobe depois até à Sé. Ignoro de quem foi a iniciativa da construção, se da Fundação para o Desenvolvimento da Zona Histórica do Porto ou da própria câmara.

Aguarela de António Cruz.



Sei que a vista daquele sítio, que faz parte da iconografia portuense, ficou assim amputada de uma das suas melhores partes. Para além de outros autores, foi fotografado por George Tait, em 1888, e repetidamente pintado por aquele que foi considerado, por Abel Salazar, o maior aguarelista português dos tempos modernos, António Cruz.

24.3.11

Escola da Fontinha vandalizada

O apelo abaixo diz tudo. Vem de Marta Lino, leitora d' A Cidade Deprimente, que se manifesta inconformada com o abandono a que a Câmara Municipal do Porto e a Junta de Freguesia de Santo Ildefonso votaram a Escola da Fontinha. Este é mais um caso, local, de demissão do poder político perante as suas obrigações mais elementares.





«O meu nome é Marta, tenho 25 anos e resido no Porto desde sempre. Moro na rua da fábrica Social na Fontinha, entre Santa Catarina e a rua do Bonjardim e assisto todos os dias à degradação da escola da Fontinha nesta mesma rua. A escola foi fechada há cerca de 4 anos pela câmara e desde então tem sido vandalizada e assaltada. Consta pelos polícias, bombeiros, funcionários da câmara que roubaram desde a instalação eléctrica, lâmpadas, computadores, material, secretárias, aquecedores, etc. A Câmara precisa de ser responsabilizada por isto. Por permitir isto. Por abandonar uma escola, deixá-la ao abandono, ter notícia de que é completamente vandalizada e nada faz. Os portões continuam facilmente abertos e os muros são fáceis de transpor. É um edifício a meu ver importante não só por isto mas porque duas gerações da minha família nele estudaram e é uma escola que está fechada no Porto e que poderia ser aproveitada para outras actividades, tinha material, o edifício é interessante estando no local em que está e é uma vergonha para a cidade. Sei que não é o melhor meio para alertar a sociedade para esta questão mas envio-lhe o email à mesma e estou a tentar descobrir o que posso fazer para tentar melhorar a situação, sendo que a câmara e junta de freguesia parecem não querer saber nem responder.»

17.12.10

As cidades também se abatem

José Machado de Castro em A Baixa do Porto:

Em 2011, daqui a poucos meses, o Porto vai ter a população que tinha no início do século XX, à volta de 200.000 habitantes. Este regresso ao passado na demografia é apenas uma das faces do declínio a que a política do PSD e CDS/PP condenou a cidade do Porto. Em 2002, quando Rui Rio tomou posse, o Porto tinha 263.131 habitantes, em 2005 já só eram 233.465 os habitantes e em 2008 ficava-se pelas 216.080 pessoas (97.568 homens e 118.512 mulheres). Em 2009 a população do Porto desceu para 210.558 habitantes, em 2010 será abaixo das 205.000 pessoas e em 2011 não chegará aos 200.000 habitantes.

É certo que entre 1991 e 2001 já tinha ocorrido um decréscimo de quase 37.000 moradores. Só que a gestão de Rui Rio praticamente duplicou as saídas de população. Numa década, entre 2001 e 201l, mais de 60.000 pessoas partiram (ou melhor, foram forçadas a partir) da cidade do Porto.

Sabe-se quem sai, são os jovens casais, donde saem, principalmente do centro da cidade, e sabe-se porque saem, não têm alojamento acessível. O Porto será das poucas cidades da Europa em que a oferta de habitação está completamente nas mãos de promotores imobiliários, que em regime de autêntico monopólio decidem os preços que querem, inacessíveis aos jovens.


Continue a ler aqui.

15.12.10

"Todo sobre viajes en Portugal"

O blogue Todo sobre viajes en Portugal publicou uma simpática abordagem ao Cidade Deprimente, onde pode ler-se:

En este blog se habla de Portugal y ni bien ni mal, sólo la verdad.
La imagen de arriba refleja el otro Oporto, el cutre, el penoso y lamentable. Hay todo un blog dedicado a recoger lo peor de la ciudad en imágenes que valen más que miles de textos.
El autor del blog puede ser incómodo para los autarcas de la Cámara Municipal pero deberían agradecerle lo que hace, porque muestra todo aquello que no está a la altura de una ciudad que presume de haber sido capital europea de la cultura. Por supuesto que la ciudad tiene lugares maravillosos y llenos de encanto, pero también hay horrores urbanos que resolver y evitar.


Como é óbvio, Francisco Miranda, não espero me agradeçam, muito menos a entidade citada, mas que é gratificante ler a sua opinião, lá isso é. O meu obrigado.

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